Entre o plágio e a autoria

ARTIGO Por: Edson Alexandre Gurtat

A facilidade no encontro de informações prejudica a criação própria. Vivemos na era digital, temos tudo sobre o quisermos a apenas um clique.

Sem o estimulo de práticas de criação de textos na escola, as crianças apenas escrevem para atingir os pontos oferecidos pelas disciplinas fundamentais, sem buscar um aprofundamento maior sobre assuntos de relevância. Quando ainda no ensino fundamental, crianças foram acostumadas a buscar em livros citações completas para seus trabalhos, sendo assim, um “Control C, Control V”, que omitia a fonte. O sistema escolar, não “pontua” adequadamente a pesquisa mais aprofundada, ajuda para que a omissão da fonte seja mais freqüente, pois com pouco tempo para os trabalhos, estudantes apenas reescrevem, não se preocupam em escrever.
A falta de tempo é hoje o que leva milhares de estudantes ao plágio. Muitos começam o “copia e cola” para melhorar a construção e a estrutura de suas redações, outros para facilitar nas atividades escolares, mas todos tem em comum o fato de ter a um clique todo o conteúdo necessário. “Fica difícil não plagiar com tantas oportunidades” (GB).
A idéia de interligação textual, leva ao hipertexto, onde a leitura e a escrita se unem e se ligam a diversas possibilidades intertextuais. “A intertextualidade no hipertexto, implica a identificação, o reconhecimento de remissões a obras ou a textos, por meio de links que fazem conexões com outros textos, permitindo tecer caminhos para outras janelas” (Obdália Santana Ferraz Silva, p. 360).
Um fator relevante sobre o plágio que não devemos esquecer é que ele pode ser dividido em três modos, como explica Garschagen: plágio integral (transcrição sem citação da fonte), plágio parcial (cópia de frases de fontes diferentes para dificultar a identificação) e plágio conceitual (apropriação de um ou mais conceitos que o “autor” apresenta como se fosse seu).
Compreende-se que para a mudança desse ciclo vicioso, a construção do sujeito como autor seria fundamental, e para que isso aconteça a leitura ainda na escola necessita passar de superficial para autêntica, como coloca Chartier (1994, p.155), “A leitura escolar é artificial, praticada por meios de texto fabricados para se fazer ler, enquanto a leitura social é autêntica, praticada em situações onde o leitor sabe por que ele precisa ler”.
Construindo seus textos o autor coloca nas entrelinhas suas visões de mundo, seu posicionamento, o seu perfil como autor.
O plágio nas universidades ou ainda nas escolas pode diminuir e cessar quando ainda crianças os futuros autores sejam estimulados a pensar, criar e pesquisar; A criação de um texto necessita de inspirações, que normalmente podem vir de outros textos.

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