Até onde um Jornalista pode ir para cumprir uma pauta?

Por: Edson Alexandre Gurtat com texto do portal Comunique-se

Matéria para Disciplina de Técnicas de Entrevista, Pesquisa e Reportagem Jornalística. Com texto do portal: Comunique-se

Escutas telefônicas não autorizadas, compra de armas e drogas. Até onde pode chegar um jornalista para cumprir uma pauta? Essa pergunta se fez presente, principalmente no jornalismo investigativo. Quais são os limites de uma reportagem?
Alguns casos podem trazer a reflexão sobre o assunto. Como o ocorrido mês passado com Roberto Cabrini. O jornalista foi encontrado na periferia da zona sul de São Paulo, no dia 15/04, com 10 papelotes de cocaína. A policia o deteve por tráfico de drogas e porte de entorpecentes.

Cabrini afirmou que a droga foi “plantada” em seu carro, fazendo parte de uma armação, e que fazia uma reportagem investigativa sobre tráfico de drogas. A mesma versão foi dada pela rede Record, emissora em que trabalha. No dia 17/04, a Justiça de São Paulo concedeu hábeas corpus ao jornalista.
Outro caso, que aconteceu há nove anos, envolveu o repórter Silvio Carvalho, do jornal A Gazeta, do Mato Grosso. Carvalho comprou um revólver no comércio clandestino de armas em Cuiabá. O repórter se passou por um “cliente” comum. Disse ao vendedor que tinha sido assaltado e por isso buscava uma arma para se defender. A chefia de reportagem o orientou a encaminhar o revólver ao Fórum Criminal. Menos de uma hora após a compra, Carvalho entregou a arma ao juiz Rondon Bassil.
O recurso não foi favorável. O jornalista foi punido com medidas como não poder sair de casa após as 23h, não passar mais de 30 dias fora de Cuiabá, doar cestas básicas a uma instituição de caridade pelo período de seis meses, e, além disso, comparecer uma vez por mês ao Fórum Criminal para comprovar o cumprimento da sentença. Carvalho foi acusado de porte ilegal de arma. Segundo ele, a intenção era denunciar a venda fácil de armamentos ilegais.
Para Fernando Molica, diretor da Associação Brasileira de jornalismo investigativo (Abraji), é difícil estabelecer regras diante de situações delicadas. Para ele, o jornalista tem que respeitar os limites, mas a regra é bom senso. “O jornalista deve avaliar o custo-benefício e nunca tomar decisões individuais, mas sempre junto com a chefia de reportagem”, afirma.
É assim que também pensa o jornalista da Folha de São Paulo Clovis Rossi. “O jornalista deve ir até onde não violar princípios éticos”, afirma Rossi.
Para a professora de jornalismo Juliana Cancian, o jornalista deve ter limites e seguí-los. “O jornalista deve ter limites próprios e também do código de ética da profissão. Espetacularizar, sensacionalizar, exagerar, expor crueldades humanas, expor situações de dor, de conflito, simplesmente para aumentar os índices de audiência, eu não acho que seja correto, eu acho que é transformar comunicação num verdadeiro show.” Juliana acredita que existem reportagens que exigem um fator de risco e são válidas as maneiras para cumprir essas pautas. “Quando você faz, por exemplo, uma matéria investigativa e você precisa ocultar algumas informações, se fazer passar por outra pessoa, como fazia o Tim, gravar com câmeras ocultas, eu acho que isso é valido nas reportagens investigativas, como Caco Barcellos, que esteve aqui na FAG e contou como ele fez o livro Rota 76. Então eu acho que nesse caso é válido, porque você tem uma denúncia maior, que é uma denúncia social e aquilo que você vai divulgar, pode melhorara a vida de uma sociedade inteira; pode fazer com que seja preso um traficante, pode fazer com que alguém que não cumpra a lei seja responsabilizado, então nesse caso eu acho que é válido, porque você tem uma denúncia que é social, que é maior e aí o jornalismo está a favor, a serviço da sociedade.” Acrescenta ela.
O Jornalista Silvio Demétrio segue o mesmo pensamento de Juliana, onde o limite para o jornalista é a própria ética. “Eu acho que existe um limite que é a própria ética, questão de ética de limite. O que é mais ou menos tido como seguro e certo numa prática e aonde além daquilo você pode até ter uma boa intenção, você que tem que garantir o seu resultado, preservar a identidade do seu trabalho com um bom jornalismo. Eu acho que é nesse sentido que você tem que observar, nesses limites. E tem coisas nas quais o jornalista não pode avançar, principalmente em relação ao direito privado de cada um”, comenta o jornalista.
O acadêmico do 7º período de jornalismo da FAG José Augusto, acredita que o jornalista deve ir em busca da verdade. “Eu não credito na teoria do vale-tudo, o jornalista tem que buscar a verdade, mas como o conceito de verdade é relativo, tem que se buscar a verdade que não prejudique a fonte ou a pessoa que está sendo tratada na reportagem, mas que também não permita que se esconda alguma falha nessa pessoa do conhecimento público.” Conta o acadêmico.

1 comentários:

Anônimo disse...

ética e respeito acima de tudo!
bjoooo